quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Estacionamento do Engenhão

Ir para o Engenhão de carro tem sido um transtorno. Não pelo estádio em si, mas pela maneira como algumas coisas são administradas. Muitos dirão para usar os transportes públicos. Tudo bem, mas eu quero ir de carro. É um direito meu, e o mínimo que posso pedir – ou exigir – como torcedor-consumidor é que a estrutura existente para receber os carros seja trabalhada decentemente.

Norte 2 fechado

Apenas um estacionamento é aberto aos torcedores. É o Norte 1, cuja entrada é logo no começo da rua do setor Norte. O outro estacionamento, que antes também era aberto, agora é restrito para imprensa, autoridades e convidados, além, creio eu, das pessoas que vão para os camarotes do setor Oeste.

Mas no dia do jogo contra o Avaí, que começava às 18:30, cheguei ao setor Oeste por volta das 17:30, e pude tirar esta foto:



Não sei se a diretoria tem um estudo ou uma estatística da média de carros nesse estacionamento, inclusive discriminada por tipo de pessoa. Quantos jornalistas, convidados, autoridades, pessoas dos camarotes, dirigentes, etc. Dependo de como for essa frequência, uma parte dessas vagas poderia ser destinada aos torcedores, ou pelo menos aos assinantes em dia do Sou Botafogo, por meio de acréscimo no valor da mensalidade ou mesmo com uma cobrança separada.

Sem essa opção, resta o estacionamento Norte 1 – pois é difícil aturar as ruas cheias de flanelinhas extorquindo os cidadãos sob os auspícios da Guarda Municipal e da PM.

A entrada

A entrada do Norte 1 costuma ser tranqüila. Há pessoas indicando pra onde ir e não é difícil estacionar. Mas já começa a ficar esquisito quando efetuamos o pagamento. Não há nota fiscal, como nos shoppings. O dinheiro vai para a mão do indivíduo que em troca lhe dá um papel padronizado. Ninguém anota o número da sua placa nem a hora em que você chegou. O controle é zero. Para piorar, ninguém lhe pede na saída o tal papel. Esse que ainda tenho comigo é do jogo contra o Ceará:

O que isso quer dizer? Que se um meliante abrir um carro lá dentro, sairá tranquilamente com o veículo alheio, sem ser incomodado por ninguém.

Não sei se o Botafogo recebe algum percentual sobre a arrecadação do estacionamento ou se recebe um valor fixo. Se o clube recebe percentual, não tem como controlar a quantidade de carros que entra. Se recebe um fixo por mês, a impossibilidade de contabilizar precisamente a frequência de carros dificulta para que seja negociado um valor justo. De toda forma, o fato de não ter controle prejudica.

O caos na saída

Porém, a pior parte está reservada para a saída. Todas aquelas pessoas que na entrada indicam para onde ir simplesmente desaparecem. Somem. Não há ninguém. A falta de gente para orientar leva à desordem. E há um agravante: a falta de limpeza e de manutenção do estacionamento, que está a cada dia ocultando mais as marcações de vaga e de direção.

A foto abaixo mostra como a marcação é de difícil percepção, especialmente um pouco mais de longe:

Há umas fitas que eles prendem de uma pilastra à outra para tentar manter alguma ordem. Na foto a seguir dá pra ver a fita e, com esforço, as quase apagadas marcações de vagas.

Foto pilastra fitas]

Mas acontece que na saída, sem ninguém para orientar, e com dificuldade de ver marcação, as pessoas pegam qualquer caminho e o estacionamento fica uma bagunça. Tem gente que fica atrás de outro carro achando que está no corredor de saída, mas na verdade está numa área de vagas mal sinalizada.

Outros preferem arrebentar as fitas:

[foto pilastra fita arrancada]

Com isso, carros saem de todos os lados, convergindo para o corredor de saída, e cria-se um tumulto absurdo na fila, que simplesmente não anda. A fila para por longo tempo e aos poucos (aos poucos mesmo) começa a andar bem devagar. O caos é completo, e o estacionamento fica muito tempo assim:

[ foto carros ]

Demorei quase 40 minutos para sair do estacionamento no jogo contra o Avaí, pois estava no setor Oeste e até chegar ao estacionamento o caos já havia se instalado. Contra o Ceará, com metade do público, devo ter demorado perto de 20 minutos, sendo que dessa vez tive a vantagem de chegar mais rápido ao carro porque estava num camarote da Leste. Há casos de pessoas que contra o Avaí só conseguiram sair depois das 22h.

Esse é o meu relato como torcedor-consumidor que utiliza esse estacionamento. Para não ficar unilateral, busquei respostas no clube.

Contato com a Golden Goal

Primeiro, liguei para a Golden Goal, que gerencia os camarotes, para saber se também são dela os estacionamentos. Alguém me sugeriu que talvez pudesse ser essa a empresa ou que ao menos saberiam quem é, já que os camarotes dão direito a algumas vagas. Eles me esclareceram tanto por email quanto por telefone que o estacionamento não é administrado por eles, mas que sabiam que havia uma empresa responsável cujo último jogo havia sido contra o Atlético-MG e que o Botafogo estava em processo de troca de empresa. Também se prontificaram a repassar a pergunta-crítica à diretoria do Botafogo.

Infelizmente não souberam me dizer o nome da empresa que administrava o estacionamento.

Contato com o Botafogo

Mandei este email para a Ouvidoria, com conteúdo quase igual ao enviado para a Golden Goal:

“Olá.

Quem são os gestores do estacionamento do Engenhão?

O estacionamento tem problemas sérios de controle, não há nota fiscal, por falta de limpeza as marcações estão encobertas, não há sinalização, não há funcionários orientando na saída...

Gostaria de saber a posição do clube sobre esse assunto.

Obrigado.

Fernando Lôpo”.

A Ouvidoria me respondeu dizendo que “esta é uma demanda que o Presidente está tratando pessoalmente, e o seu e-mail estará fazendo parte de um relatório a ser entregue ao presidente a fim de nortear a contratação de uma empresa especializada em estacionamentos para gerir este espaça tão mal utilizado atualmente pelo clube”.

A Ouvidoria também não informou o nome da empresa que administrava o estacionamento.

Paralelamente também entrei em contato telefônico com o Botafogo. Consegui falar com uma pessoa do marketing, que não estava muito por dentro do assunto, mas que me encaminhou para uma pessoa do Engenhão e outra da Diretoria Executiva e Comercial.

Curiosamente, nenhum dos três soube dizer o nome da empresa que há pelo menos dois anos operava o estacionamento do Engenhão e o fez pela última vez há menos de um mês.

De toda forma, em linhas gerais confirmaram a saída dessa empresa e informaram que o Botafogo está preparando uma concorrência para que uma nova empresa assuma o estacionamento. Disseram que dessa vez será uma empresa conhecida no mercado, coisa que a anterior não era, segundo eles. Enquanto isso, o próprio Botafogo está operando o estacionamento.

O motivo alegado para o rompimento com a empresa anterior foi exatamente a má qualidade do serviço prestado. Eles garantiram que todos esses problemas que se repetem a cada jogo serão considerados e amarrados no próximo contrato.

A todos perguntei o nome da empresa que administrava o estacionamento. Numa troca de emails fui bem objetivo nessa pergunta. Mesmo assim ninguém soube ou quis dizer.

O que diz a lei

Pesquisando no sítio oficial da ALERJ, encontrei uma lei sobre o assunto. É a lei estadual 1748 de 1990:

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/69d90307244602bb032567e800668618/1551be316dcdc88a032565320074fb27?OpenDocument

“LEI Nº 1748, DE 19 DE NOVEMBRO DE 1990.

DISPÕE SOBRE MEDIDAS DE SEGURANÇA NOS ESTACIONAMENTOS DESTINADOS A VEÍCULOS AUTOMOTORES.

O Governador do Estado do Rio de Janeiro,

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - A pessoa física ou jurídica, independentemente do ramo de sua atividade, que ofereça ao público área própria ou de terceiros, para estacionamento de veículos automotores no Estado do Rio de Janeiro, fica obrigada a manter empregados próprios nas entradas e saídas das dependências destinadas a tal fim e a cercar o parqueamento ao ar livre.

* * Parágrafo Único - Fica vedada a cobrança ao usuário do estabelecimento a que se refere esta Lei, de qualquer quantia pela sua utilização.

* ( Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei 2050/92)

* Suspenso - vide regulamentação.

Art. 2º - O usuário receberá o tíquete de estacionamento com data e hora de sua entrada com a individualização do veículo, sendo registrada, igualmente, a hora de sua saída.

Art 3º - No verso do tíquete constarão as condições do uso do estacionamento.

Art. 4º - O detentor do estacionamento é o responsável pela guarda e vigilância dos bens, respondendo pelos prejuízos decorrentes da falta desse dever em caso de roubo ou furto.

Art. 5º -A indenização decorrente de roubo ou furto do veículo estacionado é de responsabilidade do detetor do parqueamento e deverá ser paga ao proprietário do bem, pelo valor de mercado na data do pagamento.

Art. 6º - ...VETADO.....

Art. 7º - Os Municípios estabelecerão as normas próprias para estabelecimento de veículos em logradouros públicos visando a segurança dos bens e da população

Art. 8º - A presente lei entrará em vigor no prazo de 180 (cento e oitenta ) dias a contar da data de sua da publicação.

Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1990.

W. MOREIRA FRANCO

Governador”

Interessa-nos os cinco primeiros artigos. Os três primeiros são explicitamente desrespeitados, ignorados. O quarto e o quinto estabelecem obrigações para o dono do estacionamento e dão mais segurança ao cliente.

Diretoria do Botafogo precisa agir logo

O fato é que a diretoria precisa atuar em duas frentes: a primeira, moralizando a parte interna do estacionamento. Ele precisa de uma limpeza urgente, de boa sinalização e gente orientando na saída, além de nota fiscal e, de preferência, placa anotada na hora de pagar. A segunda é se reunir com a prefeitura e discutir qual a melhor maneira de organizar o trânsito no entorno antes e depois dos jogos, se necessário até com inversões temporárias de mãos de algumas ruas.

Gostei da presteza nas respostas e boa vontade de todos, tanto o pessoal do Botafogo quanto da Golden Goal. Só o que me pareceu curioso foi ninguém saber ou querer dizer o nome de uma empresa que ficou um tempo razoável no Engenhão e saiu há tão pouco.

Apesar de significativos avanços dessa diretoria em alguns setores, o torcedor ainda é muito mal tratado pelo Botafogo em seu estádio. E isso porque não estamos aqui discutindo a venda de ingressos nem outros aspectos do interior do estádio.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Campeão Carioca de 1962

  ©Template Blogger Elegance by Dicas Blogger.

TOPO